Há um presépio no barraco do vizinho.

(Vá lá pra você ver como é verdade!)

-Vou contar-lhes um bonito causo de NATAL!

(Mas muito reflexivo também!)

Um velho ermitão andarilho

( Porque a vida inteira caminha.)

Acocorado à entrada de sua tenda...

Circunspecto, a meditar, rumina consigo mesmo

Refrões reveladores do Profeta Isaias:

“No alto, morada santa e sublime ocupo,

“Na terra, a casa dos humildes e oprimidos habito,”

( Is 57,15)

-Subitamente...ledo, à beça...

O velho ermitão descobre este grande segredo ai,

E diz a si mesmo lá com seus botões:

- Ah! Se assim é, o tão esperado “Menino Deus”

Pode estar arranchadinho bem ali,naquele barraco  

De material reciclado, ao lado de minha tenda,

Onde mora um casal de pobres catadores de lixo

Reciclável.

Ah, se pode!

-Então, disse a si mesmo, o velho ermitão:

- Vou lá nesse barraco agorinha mesmo!

- Vou visitar o pobre recém-nascido

Que lá de dentro do bagunçado barraco...

- Num humilde berçinho velhinho -

Ora chora... Chora, quiçá, de fome e de frio.

Quem sabe?

Ora ressona... Ressona, aos suspiros - após mamar

Em sua maltrapilha e faminta mãe recém-parida -

Penso que pra espantar a fome e o frio!

-Vou lá! Afirmou...o sábio ermitão, andarilho,

Que logo se pôs a caminhar...ligeiro e apressado!

Pois num é que ele foi mesmo! Foi e levou consigo

Uma bela partilha de “comes e bebes” e outros bregueços,

Pra sortir-lhes a dispensa e prover de guloseimas

O, até então, desprovido - de alimentos-  NATAL deles:

- Pão de queijo quentim... Quentim!

- Pequi com arroz e carne de sol...fumegando!

- Uma farta cesta de mantimentos, e bastantes frutas...

Além de uma renca de cobertores, lençóis, travesseiros,

Botijão de gás e tudo mais que ele, o ancião andarilho,

Achou ser-lhes de grande valia.

(Ah! Isto tudo ele comprou com parte do seu 13° ...ora!)

-Mas, ah! Qual não fora o seu enorme espanto

Ao se dar conta de que seus pobres visinhos

( habitantes do tal pobre barraco)

Chamavam-se: - Jesus, Maria e José!!!

-Então, abismado, meio que alegre, meio que encantado,

 Concluiu consigo mesmo o velho ermitão andarilho:

-Verdadeiramente... Meu Deus!

Sempre há um presépio a ser visitado,

Num pobre barraco qualquer, de um qualquer,  pobre vizinho,

Que vive bem ali, ao nosso lado, ou pouco mais alhures.

Mas fingimos não enxergá-lo.... Sempre!

( Durma com essa,ou então ,faça como o fez

O velho e sábio ermitão andarilho!)

FELIZ NATAL

Montes Claros (MG), 21-12-2013

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