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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

...O bailarino do sertão

A Igor Xavier o menino de sua mãe
-O bailarino do sertão
No bailar do dia a dia de sua vida
Ainda em flor a desabrochar
Em sonhos e mais sonhos
Era um garboso jovem dançarino
Mas um carcará valente
Ao tecer ávido
Seu ninho de esperança
Em um porvir venturoso

-Entretanto...ao bailar,
Em um tablado ou palco
Onde talentosamente exercia
Seu sublime ofício de dançar
Era tal qual uma garça branca
De nossas belas veredas
A esvoejar elegante e esplendorosa
Em cadência compassada e graciosa
Quer a pés em chão
Quer a pés em ar

-Nessas suas sublimes performances
Ele o bailarino do sertão
Sempre encantara a todos
Que o viam bailar e bailar
Posto que bordava gestos
Leves ternos encantadores   
De uma inenarrável beleza
Pra se ver embevecidos
Pra se admirar extasiados  
Pra se contemplar
Boquiabertos enfim

-No entanto...em um dia qualquer,  
Abruptamente
Sem pena nem dó
Ceifaram-lhe a vida
Ainda em flor a desabrochar
E aquietaram-lhe a arte buliçosa
Do bailar e bailar
Tal qual uma garça branca
Das veredas desse sertão
E por conta dessa crueldade
Até hoje em dia...
Choramos de saudade
Clamamos por justiça
E esse nosso sertão sofrido
Lamenta profundamente a ausência
De sua garça branca bailarina
Que se fez estrela
Pra enfeitar o firmamento        

Montes Claros(MG), 16-08-2013
RELMendes 

sábado, 21 de novembro de 2015

O Eco do Silêncio Interior

-Eu quero o eco do silêncio interior!

-Questionei-me então a mim mesmo:

-Mas que eco do silêncio é esse
Que tanto apetece-me à alma
Que de ledo peregrino tenho?

-Disse-me então a mim mesmo:
O eco do silêncio interior...ora!

-Mas a troco de quê
E como sem dor e nem medo
Hei de obter esse tal eco do silêncio
Para ouvi-lo e degustá-lo melhor?...

-Eu quero o eco do silêncio interior!

-Ora!... Esse eco do silêncio interior
Tão-somente ressoa ou ecoa
No imo de mim ou no imo de ti
Se a cada um de nós...individualmente,
Aprouver ouví-lo ecoar
As muitas verdades
Sobre aquilo que somos
E que em nós as bem escondemos
Até de nós mesmos enfim
   
-Eu quero o eco do silêncio interior!

-Ah! Esse eco do silêncio silente
Que sereniza ou acelera
A já veloz cadência de tudo
Que dentro de mim
Fremente clama:
Mágoas de mim...
Pelos beijos que não roubei
Ressentimentos de mim...
Pelos versos que não escrevi
Raiva de mim
Pelos sonhos e sonhos
Que não sonhei brincando
Como criança feliz
E pelos tantos desejos
Que não os debulhei
Na hora em que os deveria
Debulhar e debulhar etc etc

-Eis ai o porquê
Eu quero o eco do silêncio interior
Pois esses curiosos adereços mentais
Eu de há muito os tenho
E bem os escondo no imo de mim
Entretanto se eu o permitir
O eco do silêncio interior os desnuda
Despudoradamente sem pena nem dó
E isso me parece muito bom
Para que eu possa saber
Quem verdadeiramente sou

-Eu quero o eco do silêncio interior!
  
-Por fim... eu quero porque quero
O eco do silêncio interior...
Quer a troco da serenidade
Que a mim e a todos encanta
Quer a troco da turbulência
Do encontro de mim comigo mesmo
Quer quem sabe ainda
A troco tão-somente de saciar-me
A apetência de ouvir
Ainda que por instantes
Esse tão divino e curioso silêncio
Que embora silente balbucia
Coisas e mais coisas
De mim e sobre mim...ora!  

-Ah!... Eu quero o eco do silêncio interior!

Montes Claros (MG), 20-04-2013

RELMendes

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Desvairada transparência!

-Quando estou/ como estou/ agora/
Pássaro ferido de amor/avassalador/
Ah! Não silencio/ nem escondo/nada/ jamais!

-Posto que/ à língua solta/ declamo esse amor/
Aos quatro cantos do mundo/afora/
Quer em versos /miúdos/poemas /longos/
Poesias/ aos montes/ ou mesmo/
Em singelas trovinhas ingênuas/ de fazer dó!

-Pois sempre/ em qualquer esquina que paro/ por parar/
Hei de expor/ e exporei /sim/ esse meu amor /pulsante /
Para quem quiser me ouvir falar dele/ à beça/em bom som/
Nem tampouco/ postergarei/ nunca/ o seu conhecimento/
Pra quem quer que seja/ só para depois de amanhã/Jamais!

-Posto que agora/ neste exato momento/
Em um botequim qualquer/ das quebradas da vida/
Declino-o/ em alto e bom som/ sem pundonores algum/
Para que todos saibam/ antecipadamente
À qualquer especulação/ duvidosa / ou maledicente/
Que estou pássaro ferido /de amor/ avassalador/ sim!

-Então/ por favor/ amigos/ e desafetos/também/
Lancem depressinha /por ai afora /
- Quem sabe/ quiçá/ ao vento/ ou às nuvens/
Ou /quiçá/ à boca miúda/ conversadeira/-
Todos os versos/ ou os versos /todos/
Todas as palavras/ ou as palavras /todas/
Desse nosso poema de amor/ avassalador/
Ou dessa paixão totalmente/desvairada /
Que só nós /dois/eu e ela/ é que sabemos/
- O quão ele é plenamente/ intenso/
Posto que o vivenciamos /agora /
- O Quão ele é impossivelmente /eterno/
Posto que ele/ o amor/ é certamente /finito!

-Entretanto/ ela e eu/ desconfiamos/ profundamente/
Que certamente ele/ o nosso amor/ se esconderá
Nos desvãos de uma saudade/ infinda/
Vez que nesse nosso /então/ ele/ o amor/
A nós nos enche /de contentamento/
E de um inenarrável/ prazer/ sem fim!

Montes Claros, 18-10-2012
RELMendes

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Fecunda instabilidade

(um pouco de mim e de todos nós enfim...)
-E vamos que vamos
Porque...lá acolá, 
O mundo inteiro nos espera...enfim!

-Dizem que sou instável
Claro!...  E porquê não sê-lo?  
Nasci à beira do mar...
E de marola em marola 
Num constante vai e vem
Despejo-me...sem censuras,
Nas areias da vida
Vida que jamais serenou em mim
No enfrentamento corajoso 
Das vicissitudes do dia a dia

-E vamos que vamos
Porque...lá acolá, 
O mundo inteiro nos espera...enfim!

-Ah! Sempre anelei ser precursor
(Do que virá...obvio!) 
Sempre ansiei trazer à tona
O escondido no pretérito e no futuro.
Por quanto sei que sempre magoei  
E fui magoado enfim
Entretanto tenham por certo
Que penso e sempre pensarei
Que de “mãos dadas”
Será bem mais fácil
De se percorrer o tão anelado 
Caminho da felicidade... 
Que sempre é bordado de nós 
( E mais nós!)
E nunca...tão-somente 
Jamais de mim sozinho. 

-E vamos que vamos
Porque...lá acolá, 
O mundo inteiro nos espera...enfim!

Montes Claros (MG), 13-06-2006
RELMendes

domingo, 8 de novembro de 2015

O sagaz surrupiador de beijinhos

Ufa! Uma deliciosa idéia
Martelara-me a caçuleta
Sem pena nem dó
Durante o dia inteirinho:
Vou inesperadamente
Surrupiar-lhe um beijinho
Bem gostosinho
Ah, se vou!

Discretamente...
Na ponta dos pés...
Logo após o inebriante crepúsculo
Recolher-me-ei ansioso
Aos meus aposentos,
Colocarei as alpercatas
Empoeiradas bem juntinhas
No vão que há
Entre o chão e a cama
E ai então...
Tentarei adormecer ligeiro
Porque quem sabe assim
Ao despertar-me amanhã
Bem cedinho...
Não poderei fazer sozinho
Algumas coisinhas
Que tanto anelo:
-Amarrar os cadarços
Do meu esgarçado kichute
-Abotoar a braguilha
Da minha cirola samba canção
- Ariar os dentes
Com um bom dentifrício
Assear o rosto ainda sonolento
-Dá nó na gravata de cetim etc etc

-E por fim... Quiçá
Ao romper radiante o alvorecer...
Logo ao acordar do sol,
Quem sabe se ao despertar-me
Já não me sentirei
Um galanteador rapazinho
Corajosamente pronto
A surrupiar um rápido beijinho
Daquela coleguinha de sala
Que tanto me encanta
Sem que a professorinha veja hein?!...

Montes Claros(MG), 06-10-2013
RELMendes 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O aposento da imaginação do poeta

(É um furdunço só!)
Sabe aqueles armarinhos
De bem antigamente
Cheinhos de carretéis
E mais carretéis de linhas
De todos os matizes
Lilases azuis bordôs...
E de um tantão de botões
De madrepérola de vidrilho
De plástico de todos os tamanhos
Espalhados desleixadamente
Sobre novelos e mais novelos
De sianinhas branquinhas azulzinhas...
Que tanto enfeitavam as calcinhas
E calçolas das menininhas
E de inúmeros rolos rolinhos e rolões
De fitinhas de cetim multicoloridas
Dependuradas por todos os cantos,
E de uma quantidade incalculável
De ilhós retroses zíperes e colchetes
Esparramados por toda parte hein?
Ah! Era um furdunço só, num era não?

Pois bem!...
O aposento da imaginação do poeta
É mais ou menos desse jeito ai:
Ora um caleidoscópio
De sensações lúdicas
Ora um palácio repleto
De ternas lembranças
Ora um casarão mal-assombrado
De paixões inflamadas
  (Com seu delicioso erotismo envolvente!)
Ora um casebre
De lamúrias intermináveis
  ( Um porre só!)
Ora um picadeiro
De circo transbordando
Coisinhas hilárias:
Palhaçinhos irreverentes
Anõezinhos fantasiados de gnomos
Fazendo caretinhas engraçadinhas
Cambalhoteando e pirueteando à beça...
Mas...inesperadamente,
Quando se vê
Já tomou conta da gente
O encantamento que se derrama
Dos versos do poeta ... E pronto!
Então... é só deslumbramento!
(E que deslumbramento!)
Ah! É um furdunço só, né não?

Montes Claros (MG), 14-03-2014
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