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domingo, 31 de julho de 2016

DESALENTO...JAMAIS!

Evito-o sempre...sem esmorecimentos,
Menosprezo-o...sem titubear  a todo momento...
Enfim... Face ao desalento:
- Ando a largas, correndo...
- Escondo-me...nos braços da esperança,
- Encanto-me com novas surpresas,
- Bato asas... e ao fazê-lo alopradamente,
Ah! Assovio quaisquer músicas:
- Polcas maxixes sertanejo...
Pois quem pariu o desalento... ó desencanto,
Não foste só tu deveras tão-somente...
Foi, também, a imprudência ingênua...que em mim
Depositou-me confiança...mais que devia,
Na sombra do alheio...um dia!

-Ara! Refuto veementemente a desesperança...
Porquanto é mãe do pranto e madrasta da alegria,
E se... portanto, não quedo-me jamais...plangente,
Aos cantos da auto-piedade...remorso vão,
Posto que sereia a solfejar lamentos tristonhos...

-Ah, Não! Não me padeço desse tal desalento...
Nem tampouco o recito nunca...
E sem essa tristeza rouca e esparsa... Ha...ha!
Declino-me em versos poemas sonetos
Que em mim teriam adormecido
Não fora eles transbordantes de fulgores e alentos...

Montes Claros (MG) 28/07/2016

RELMendes


quarta-feira, 27 de julho de 2016

Um dia, ganhei de um poeta uma anotaçãozinha hilária!

      (e eu, até então, não sabia que o cara era o poeta!)
 -Por incrível que lhes possa parecer, lá pelos idos de 63 até meados de 68, fui vizinho de Guilherme de Almeida - sem sabê-lo ser o poeta que era – porque residíamos à rua Caiubi, em Perdizes, bairro de classe média alta, em São Paulo,onde situavam-se pontos estratégicos de encontros da intelectualidade católica da ala progressista : o “Convento dos Dominicanos”e a PUC(SP).
            

 -Certa feita, ao saber que Guilherme de Almeida – o príncipe dos poetas brasileiros, a época, – seria homenageado na, e pela PUC de Sampa - ali bem pertinho do meu apartamento , mais precisamente a umas duas ou três quadras de distância - resolvi então ir conhecê-lo pessoalmente, e quem sabe aprender algo útil para o vestibular. Mas que insolência minha!


-Logo ao adentrar no amplo auditório do famoso “TUCA”, qual não fora a surpresa ao eu descobrir que o poeta a ser homenageado era o meu vizinho. Aquele cara, que do solar do seu sobrado, todas as madrugadas, ao eu retornar de minhas algazarras noturnas – galinhagens mesmo, prá dizer a verdade – sempre me cumprimentava melancolicamente, vez que sempre estava ali, esperando a musa, segundo afirmava... E eu lá sabia o que era musa?! Meu negócio, se assim se pode dizer, era passar a noite dançando e bebendo no “Ela Cravo e Canela” e no “João Sebastião Bar”...  Só sei é que, todas as noites, ele estava sempre ali em seu solar, sozinho, escrevendo e bebericando uns drinks... Portanto, encontrava-se sempre chumbado por uns bons goles de whisky. Fato esse, que mesmo da rua, se percebia perfeitamente:
 
 - “Bom alvorecer, porongo”!
Dizia-me ele, mostrando-me uma garrafa e um sorriso largo.


Também, da mesma forma, chumbado, por vários “cuba libres”e  incontáveis “daiquiris”, respondia-lhe:
 
 -“Bom dia, senhor, tudo chuchu beleza?”


-Mas retomemos o fio da meada – a homenagem ao poeta – esta coube a uma famosa filóloga da dita PUC que se pôs a debulhar, por mais de quatro horas, uma sucessão interminável de palavras desconhecidas e conceitos filológicos esdrúxulos que, ao mesmo tempo, encantavam-me – Quanto conhecimento! – e também, deprimiam-me profundamente: - Meu DEUS, não sei nada!...
Mas de esguelha, eu não perdia o poeta de vista, que, vez por outra anotava alguma coisa em um pedacinho de papel, o que me deixava muito curioso. E, portanto, constantemente eu me inquira: - Meu Deus, o que será que ele tanto anota?


-Ao terminar a tal homenagem, e findos os cumprimentos à fabulosa filóloga e ao poeta príncipe, aproximei-me dele, sorrateiramente, e perguntei-lhe sussurrando:
    -Olá poeta, o senhor entendeu tudo o que ela disse?
Ele olhou-me sorridente e, com um ar de compadecido, de mim e dele mesmo, deu-me de presente o tal pedacinho de papel em que anotara inúmeras palavras ditas pela ilustre palestrante. Sendo que, de um lado do papelzinho, as palavras lá escritas eram precedidas pela palavra HIPÓTESE, e em seu verso o poeta havia escrito sua CONCLUSÃO:
 
-“Banguela não mastiga chicletes!”


Então, soltei uma gargalhada absurdamente escandalosa... porque descobrira que nem o 3º príncipe dos poetas brasileiros,  a época, tinha compreendido todas as palavras ditas ou malditas, pela bendita filóloga... Que felicidade, meu Deus!
Ora! Se até ele que era ele, o príncipe do não sei lá das quantas, também não entendera nada do que fora dito pela bendita filóloga, por que teria eu de compreender tudo aquilo  então?!...
Por fim, saí dali do “TUCA”, feliz da vida. O pedaçinho de papel que o Guilherme de Almeida me dera, guardei-o tão bem escondido, que nem bem eu sei onde. Mas que ele, o 3º  príncipe dos poetas brasileiros, me deu de presente aquele pedaçinho de papel aonde anotara aquelas tantas palavras esquisitas naquela noite memorável, tenha por certo que me deu. Ah, se me deu!

Montes Claros(MG), 17-02-2014
REL Mendes

sábado, 23 de julho de 2016

A propósito de uma observaçãozinha de Tristão

( Alceu, o pensador do Brasil, a época!)

-Vez em sempre, gosto de relembrar coisinhas surpreendentes com as quais a vida me presenteou...sem que...ao menos,
eu as esperasse ou tampouco as desejasse.
Aliás, pra dizer a verdade, quase tudo de interessante que aconteceu comigo em minhas muitas andanças pelas quebradas da vida, simplesmente aconteceram por acontecer, ou digamos:
 - Por uma simples mercê do generoso acaso...
- Ou quiçá, quem sabe tão-somente por uma ironia do destino...
- Ou quiçá ainda só porque eu estava ali...na hora e no lugar certos. -Quem sabe?


-Fora o que acontecera comigo um dia, quando tive uma oportunidade impar de ouvir, ao vivo e a cores, um inesquecível ensinamento do sábio Tristão...o Alceu pensador do Brasil.
Olha só, que fique bem claro aqui, sobretudo, aos que possam achar que estou potocando: - Eu, infelizmente, não era amigo dele!
– Eu, lamentavelmente, não era aluno dele!
- Pra dizer a verdade, eu nem sabia quem era ele, e nem tampouco se existia...
Eu apenas passava pelo lugar onde ele se encontrava e me encantei com o papo dele...
Mas que foi muito bom tê-lo encontrado naquele dia memorável...
- Ah, se foi!

-Entretanto, peço-lhes licença e desculpas, mas antes de relatar esse tal inesquecível ensinamento, eu gostaria muito de lhes falar, sucintamente, ou seja, só um pouquinho sobre a pessoa do ilustre pensador Alceu de Amoroso Lima, conhecido, também, pelo pseudônimo Tristão de Ataíde:

-Ora! Apesar de seus muitos títulos...nacionais e internacionais,
Apesar de seus inúmeros dotes intelectuais...mundialmente reconhecidos...
Tristão fora um cara que nunca se ensimesmara com essas honrarias que lhe eram tão merecidas...
Isto porque ele era, sobretudo, possuidor de uma imensa nobreza de caráter que a todos encantava, mormente a seus alunos que o admiravam sobremaneira: – porque era gente boa de verdade...
e um ser humano impar.

-Alceu, pra se ter uma idéia, quer quisessem ou não, sol a pino ou a garoar, fino e frio, que chegava a molhar o chão, o corpo e, porque não dizer a alma também, religiosamente, todas as manhãs após as aulas, até sua aposentadoria em 1963, lá estava ele sentado no meio fio da calçada em frente ao prédio da PUC (SP), por ele fundada, a papear com seus pupilos acerca da vida e do sentido dela.

-Numa dessas inesquecíveis manhãs, um aluno, desses do tipo mais afoito, ou seja, um amigo meu, questionou-lhe:

- Mestre, por que seus ilustres colegas são tão sisudos,
  e sempre evitam manter um contato mais direto conosco?"

  - Ora! Meio que espantado - a pesar do intenso brilho
de seus olhos serenos - com ar de criança desconcertada, e, como quem  pego de surpresa, sorriu...um pouco constrangido,
e  respondeu-lhe questionando-o:

-“Você sabia que as madeiras envernizadas
   têm medo de qualquer coisa que as possa arranhar?”

-Então o discípulo afoito riu e exclamou:

- Deveras, mestre!Tal qual às madeiras envernizadas...
Também assim o são, as metidas pessoas empoadas, pois não?

 -Alceu se despediu sorrindo...
como o fazia todas as manhãs,
e partiu...discretamente,
sem mais comentários...
só para não acirrar os ânimos...
Pois, enfim, era um filósofo...ora!

-Eis ai o sábio ensinamento do qual lhes falei:
“Madeiras envernizadas têm medo do que as possa arranhar”...

-Eu entendi, e vocês?

-Moral da estória:

-Pois é! Quem escuta...atentamente,
sempre aprende algo de muito útil...
ainda que pelas calçadas da vida...ora!

Montes Claros (MG), 04-03-2014

RELMendes  

terça-feira, 19 de julho de 2016

Lúcia...

( um sonho primaveril!...)

-Subitamente...
A sala toda se iluminou, 
E como que do nada
Ela apareceu radiante
E esfuziante
Como o alvorecer...

-Bastou-me apenas o soar
De um simples cumprimento dela
Pra que eu me envolvesse...por inteiro,
Num intenso clima de sedução...

-Então...não hesitei!
Encantado.....
Ofertei-lhe a passarela
Dos meus sonhos
Para que...nela,
A desfilar faceira...
Fizesse-me derramar pleno
De sublime fascinação...

-O espelhar de seus lindos olhos...
Verdes ou azuis,
( não sei bem definir),
As suas mechadas madeixas loiras...
E o seu magnífico porte
De saborosa potranca
(Ah, meu Deus!)
Já justificavam o seu esbanjar...supremo,
De tanto encantamento...

-Ela era...e quiçá ainda o seja,
Uma "nouveau riche" extravagante:
No falar, no agir,
E em seu modo... ora terno, ora agressivo,
De gostar ou de amar enfim...
Era verdadeiramente um diamante bruto,
- Lá de Andradina...interior paulista -
Que jamais se deixava lapidar por ninguém...

-E porquanto...Lúcia...ainda hoje,
Faz-se tão forte lembrança em mim...
Que chega até a iluminar a praça da apoteose
De minha desvairada imaginação...
E como nem a batuta do tempo
Conseguiu dissipar... sua tão bela presença,
Do baú de minhas recordações...
-Que insistem em preservá-la
No âmago do meu ser enfim -
Então, eu lhe fiz esses versos...
Para que...se os lê,
Saiba que eu nunca a esqueci...



Montes Claros(MG), 05-01-2012
RELMendes

sábado, 16 de julho de 2016

Queixumes de um forasteiro


-Olha só:
Embora outro interesse
Eu não o tenha...
Senão o de espiar
Bem longamente
O que há de belo
Nas veredas
Dessas bandas de cá...
Mas mesmo em assim sendo,  
Cá...por estas plagas sertanejas,
Sou apenas um forasteiro
Peregrino...
Sem espaço algum
Nas varandinhas floridas
Das vivendinhas
Dos desconfiadíssimos nativos
Dessa região tão bela...

-Olha só:
Entretanto...não obstante,
Quer queiram ou não...
Matutamente,
Contemplei e ainda contemplo  
Encantado:
- A belezura de suas lindas cunhatãs
Cheirosíssimas...
- O garbo encantador de seus catopés
Rodopiantes...
- A graça inenarrável de seus caboclinhos
Saltitantes...
- O sapateado...compassado e forte,
Da marujada festeira
Garbosíssima...

-Olha só:
Matutamente...
Ouvi e ainda ausculto,
Enternecido:
- Os cantares melancólicos
Das noturnas serestas
Maviosas...
- O belo som dos acordes
Das violas plangentes
Apaixonantes...
- O dedilhar sublime das divinas mãos
De Raquel Crusoé...que ao piano
Embala-nos a alma embevecida  
Com seu brincar de sons
 Inebriantes...
-O solfejar enternecedor  
De Beatriz Azevedo
Que ao infinito nos conduz
Fascinados...

-Olha só:
Matutamente,
Deliciei-me e ainda delicio-me:
- Com um farto prato de feijão tropeiro,
 Saborosíssimo!...
- Com um farto prato de arroz
Com pequi e carne de sol,
Apetitosíssimo...
- Com uma gamela cheinha
De pão de queijo quentin...quentin,
Gostosíssimos...

-Olha só:
Matutamente,
Inebriei-me e ainda inebrio-me
- Com seus alvoreceres dourados
Belíssimos...
- Com seus crepúsculos incandescentes
Maravilhosos...
- Com suas noites bordadas de estrelas
Encantadoras...
- Com o clarão de seus luares
Prateadissímos...
 
Ara! Incontáveis outras belezuras
Desse encantador sertão amado
Eu ainda as teria à beça
Para contar-lhes, sem pundonores algum...sô!
Entretanto...hoje não,
Hoje não escreverei mais nada...
Nem tampouco me queixarei
Mais de coisa alguma,
Porquanto... tal façanha,
Eu só pretendo fazê-la 
Só depois de amanhã... ora!     

Montes Claros (MG), 21-11-2011

RELMendes

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Nascente Lacrada

( Só de mentirinha viu?!)



-Ah! Só voltarei a tecer poesias
Poemas e versinhos singelos...
Se acaso eu puder ver:
-A esperança despertar, novamente,
-A desconfiança ser banida da face da terra...
-A alegria suplantar a tristeza...
-A Verdade e o AMOR
Financiarem a JUSTIÇA...

-Porque...neste exato momento,
Eu só quero apenas:
-Curtir estrelas...resplandecentes,
-Palmilhar trilhas...desconhecidas,
Ignoradas...ou, quiçá, até estranhas...
Mas sempre enluaradas de alegria,
Polvilhadas de muita esperança
E de uma ternura sem fim...
E por fim, embalar-me-ei nos braços
Dos meus transcendentais sonhos...
E flutuaremos eu e eles os sonhos
Sobre nuvens e nuvens de algodão doce.

-Ah! Mas se por acaso...
Eu ainda vier a tecer meus versinhos...
Tenham por certo, que só tecerei:
-Versos insolentes...
Daqueles que descortinam..
Despudoradamente,
O desabrochar secreto
Das margaridinhas silvestres...
-Versos abusados...
Que descrevam, sem pundonores algum,
O contorcer dos girassóis
Em busca de sol a pino...
-Versos corajosíssimos...
Que proclamem...em alto e bom som,
O valor sublime da liberdade...
Que certamente para mim
É um dos caminhos da felicidade...
E tenho dito!...

Montes Claros (MG), 03-05-2009
RELMendes

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Sou Bocó...e não nego!


-Tateio as ilusões do ontem
Do hoje e do por vir...
Resvalando-me em estrelinhas
Que alumiam-me a mente de passarinho
Que...ainda em mim há, e sempre haverá...
E voo acima dos ciscos do percurso
Que tentam enfear-me ou fusquear-me
Os alvoreceres radiantes sem paredes...
Os luares argentosos a alumiar horizontes...sem fim,
E os sonhos pululantes de um poetinha Bocó
Que se encanta com a simplicidade
Que sempre se despeja...abundantemente,
No acontecer de cada dia...
Só pra encantar-lhe a alma de Bocó...

-Sou totalmente Bocó...ara!
Assumidamente Bocó...
Porque...acrescento-me de criança brincante
E de um punhadinho de passarinhos
Que conversam...entre si, bobagens...
Mas encantam a quem os ouve solfejar
Suas maviosas oralidades musicais...

-Portanto, escovo-me...sorridentemente,
E estimo-me...profundamente,
Do esgar daqueles que insistem                                  
Em não serem BOCÓS...
Privando-se assim de descobrirem
Serem as tardes parte do haver
Das belezas dos dias...
Ora!... Mas enfim, ninguém é obrigado
A ser Bocó, pois não?!

Montes Claros (MG), 18/05/2016

Romildo Ernesto de Leitão Mendes (RELMendes)