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quinta-feira, 30 de junho de 2016

A desforra de um pirralho peralta

(Ainda hão de se ver comigo...ora!)

-Quero porque quero 
Meus soldadinhos de chumbo pô! 
Ah, se os quero!

-Ah! Por causa deles lancei fora preciosas lágrimas...
Lágrimas extraídas da falsa ou real sensação
De terem relegado, meu sonhozinho, ao léu.

-Chego até a pensar
Que minhas traquinices poéticas
E essa minha louca euforia brincalhona
Tenham suas origens ai
Nesses melindres infantis 
Que, em mim, aninham-se n’alma.

-Ora! Ao lembrar-me que os avôs não me deram 
Aqueles lindos soldadinhos de chumbo...
Que, na época da infância,
Eram o sonho de toda criança,
Ah! Fico aborrecidíssimo...pô! 
E, até melancólico, sô!
É como se os avôs me tivessem destroçado a alma.
(Ah! Gruniram, assim, os avós rabugentos:
Que menino birrento!)
Ora! Mas, a época, quem ousaria contradizê-los? 
Portanto, ainda hoje, culpo-lhes de terem me lesado
O direito de eu realizar o meu tão encantador sonhozinho:
Brincar...e brincar muito
Com aqueles lindos soldadinhos de chumbo, 
Ora, pois, pois!

-Ora, mas qual o quê! 
Não hesitei, então, em dar-lhes o troco!
Como não codifiquei bem o “não sei o quê”
Da bendita justificativa deles (avós),
E já que tinham devassado a minha sedutora ilusão pueril
De brincar e brincar, por horas e horas a fio,
Com aqueles benditos soldadinhos de chumbo,
( por causa dos quais, ainda hoje, planje-me a criança 
que em mim se esconde...)
Pus-me então a buscar...ainda que contrariado,
Outros brin-que-di-nhos também lú-di-cos
(talvez não tanto quanto aqueles, ou, quem sabe até mais!)
Pois, assim ansiava o meu coração contrariado
De pirralho birrento...e danadinho...ara!

-Portanto, no intuito de ressarcir-me dos inimagináveis prejuízos,
Reinventei, então, novas pa-ra-fer-ná-lhas lúdicas, tais como: 
-Furtar siriguelas nos pomares da vizinhança; 
-Olhar por debaixo das saias das meninas e, também, 
das velhinhas rabugentas;
-Soltar pipas coloridas e puns fe-di-dís-si-mos... 
(perto das visitas...ora!);
-Ouvir música na galena velha do vô, e escondê-la do velhinho; 
-Bolinar a cozinheira desprevenida, só pra aborrecê-la; 
-Atirar pedras na casa dos visinhos, só pra contrariá-los; 
-Jogar peladas nas ruas por horas a fio
-E atirar pedradas ao léu, e, dai por diante...

-Ah! Tentaram roubar de mim os meus sonhozinhos, né?
Pois, então, dei-lhes, também, esse banho ai de peraltices,
E, logo em seguida, evadi-me...lá pro topo da lua!

Montes Claros (MG) 15-04-2024
RELMendes


quinta-feira, 23 de junho de 2016

A BELEZA LÚDICA DA INFÂNCIA D´ OUTRORA

(tudo era puro contentamento!)


-Do meu veloz patinetezinho  amarelinho
a se precipitar rapidamente ladeira abaixo,                                           
Eu sempre saboreava...alegre e contente:
-Os vaivens de crianças curiosas,
-Os vaivens de olhares surpresos...
advindos de velocípedes lentos
a se locomoverem em minha direção,
-Os vaivens de olhos abismados...
 a me espiarem de suas bicicletas rápidas
que derrapavam sobre pedregulhos roliços,
E, também, eu saboreava vaidoso...
-Os vaivens de olhares de adultos invejosos...
a me espiarem...de esguelha,
das esquinas de suas curiosidades
e dos desvãos de suas saudosas infâncias.
                         
-Ah! Esses vaivens da infância d’outrora...
sobre as rodinhas de um patinetezinho amarelinho,
Eram pura satisfação de viver alegre. 

Montes Claros (MG), 03-06-2014
REL Mendes

sexta-feira, 17 de junho de 2016

A FLOR- ANGÉLICA DO SERTÃO


Madre Maria Angélica ocd

     (Um belo exemplo de Fé!)

Carinhosamente...
Convido-lhes a trilhar...comigo,
Pelos caminhos de minha eterna gratidão
A essa amada Flor-Angélica do Sertão...
Então, vamos lá ver...
O que tenho a lhes dizer:

-De donde será que a nós veio...
A Flor-Angélica-Sertaneja,
Esse ser humano...tão luminoso,
Tão profundamente feminino,
Tão sabiamente acolhedor,
Tão imensuravelmente maternal...
E tão aparentemente frágil...quase-etéreo,
Que...inebriado de “Divino Amor”...
Sempre a todos encanta e ilumina
Com seu suave sorriso...
E seu materno olhar?

-Bom! Se verdadeiramente assim é, e é...
Então, revelar-lhes-ei...em prosa e versos,
Outros tantos ternos detalhes
Do semblante espiritual
Dessa santa mulher :

-Donde poderemos encontrar
Esse anjo-mulher-sertaneja...
Tão fértil...espiritualmente,
E de tão límpida transparência...espiritual,
Que a nós todos cativou...
Logo em que por aqui chegou
Com suas santas companheiras...
Naquele já tão distante dia...
Em que até um belo crepúsculo sertanejo
Com ela se deslumbrou?

-Ah! Se por ventura aqui há alguém...
Dentre nós...que saiba de onde ela veio,
E aonde tão bem se esconde...
Essa bendita dádiva tão celestial...
Por favor, que se apresse em nos revelar,
I-M-E-D-I-A-T-A-M-E-N-T-E!

-Pois, se de pronto...ao chegar aqui no sertão,
Esse amado anjo carmelita...logo se aninhou
Em nossos acolhedores corações sertanejos ,
Também de pronto desejamos saber
Donde ele, esse anjo carmelita, veio,
Onde pousou...e aonde...verdadeiramente,
Montou entre nós sua tenda de ternura...

-Mas quem será mesmo...
Flor-Angélica-Sertaneja,
Essa tão amada flor desse sertão sofrido...
E, em que jardim, ela mesma se plantou
Pra nos sombrear com as “surpresas se Deus”?

-Bom!... Há quem diga que ela veio...
Das entranhas das surpresas de “DEUS”;
Outros afirmam...veementemente,
Que ela procede do “Coração Misericordioso de Jesus”;
E outros ainda falam que veio diretamente do “Céu”...
Pra nos consolar e nos conduzir rumo à “Casa do Pai”...
-Entretanto...verdadeiramente, há que se dizer:
Quer por isso...ou quer por aquil’outro...
Flor-Angélica-Sertaneja  veio
Para o meio de nós,
Para que...com suas constantes orações,
Deus não nos permita que nos percamos
Pelas trilhas...sinuosas,
Desse nosso breve caminhar terreno...
-E quanto aonde se plantou por aqui...
Essa tão amada flor sertaneja,
Ora! Digamos que ela mesma...
Se plantou nos sagrados jardins
Do “Carmelo de Teresa”...
Para perfumá-los ainda mais de amor...
E pra inebriar...de felicidade e alegria,
Seu “Amado Senhor Jesus”...
Que sempre vem por ali repousar...
 No coração apaixonado de sua Angélica-Flor...

Montes Claros (MG), 07-05-2014
RELMendes 

quarta-feira, 15 de junho de 2016

O PRELÚDIO DA FINITUDE


-Ah, essa “indesejável das gentes” –  a morte!...
Será mesmo... que se há que temê-la tanto?
Ora!... Se tanto ela, a desconhecida morte,
Quanto ess’outra...a iluminada vida,
Talvez nada mais sejam que, apenas,
Breves ou longos momentos...
De uma única e mesma vida,
A serem vividos intensamente...
Então, por que temê-la tanto hein?
        
      -Ou talvez, quem sabe não sejam, elas,
A vida luminosa e a morte desconhecida...
Nada mais que...tão-somente,
Uma, o visível anverso da outra...
Que, por enquanto, ainda só nos é...
Apenas o obscuro reverso
Da mesma moeda-vida iluminada
Então, por que temer tanto a morte hein ?..

-Ou talvez ainda, quem sabe se uma...
 – a vida  iluminada - 
Não seja apenas o agora,
E que a outra...
– a morte desconhecida –
Não seja senão, tão-somente, o não ainda,
Dessa mesma vida aqui...
Que ainda está por vir...
E certamente virá...
Tão logo nos desencasulemos,
E se assim for, pra quê tanto pavor...
E tamanho assombramento?”
                    
Montes Claros (MG) 2014, RELMendes 

sábado, 11 de junho de 2016

MÃE É UM PUNHADÃO DE TUDO DE BÃO

-Mãe é um realejo a tocar
Cantigas de ninar...
-Mãe é um carrinho de algodão doce
A adocicar nosso percurso
E os nossos descaminhos...
-Mãe é um frasquinho de perfume
Que gostamos de cheirar muito
Pra sentir sua fragrância...inesquecível,
A nos perfumar a vida inteirinha...
-Mãe é uma gangorra encantada
Onde se gosta de balangar
Por horas e horas a fio...
-Mãe é um jardim em flor
Que se derrama em amor-perfeito
Pra enfeitar nossos dias...
-Mãe é uma eterna reticência...
Porque está continuamente
Se desdobrando em pedaçinhos
De ternura e carinho...
-Mãe é um berçinho de aconchego
Onde se pode descansar...profundamente,
Sem nenhum sobressalto
Nem tampouco qualquer medo...
Mãe é um céu estrelado
Porque os olhos de nossas mães
Estão sempre cheios de estrelinhas
Pra nos alumiar os caminhos...
-Mãe é uma vivendinha
De porta sempre aberta
Pra nos acolher
Quando...por algum motivo,
Quer sopro forte do vento
Ou a chuva que desaba
Perdemo-nos pelo caminho...
-Mãe é um amor, e o amor
Que invade...com jeitinho,
O coração da gente pra sempre...

-Ara! Mãe é tudo de bão, sô!
-Ah, minha mãe!
-Minha gente, se eu tivesse que escolher
Uma mãe, eu escolheria a minha...ora!

Montes Claros (MG), O7/05/2016

Romildo Ernesto de Leitão Mendes (RELMendes)

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Um jeito barroco de ser e de viver!

                    ( Poe-crônica)
-O barroco é muito mais que um estilo artístico.
O barroco é, sobretudo, um jeito de ser e de viver...
Que...visivelmente, do final do século XVI
A meados do século XVIII...     
Permeou todas as espécies de obras de arte...
Produzidas naquele então, já tão distante...
Mas que, ainda hoje, é tão presente entre os europeus,
E entre nós brasileiros...quer os da orla marítima,
Quer os das plagas das Gerais de Aleijadinho...
Aliás, guisa de esclarecimento, o barroco mineiro
É o verdadeiro barroco brasileiro.
Porquanto, tanto seus artistas...
Quanto o material utilizado em suas obras de arte...
Eram, totalmente, brasileiros (mineiros).



-Então, vamos lá ao que nos interessa!

-Nas curvas e contracurvas
Do movimentado estilo...(barroco)
Ora, há muitos momentos de sombra:
Ansiedade!... Angustia!... Tristeza!...
Dissecação de cadáveres! Peste Negra!...
Portanto, é acentuadíssimo seu gosto pelo mórbido.

- Mas...ora, também, é de todos sabido
Que em todas as obras da arte barroca...
Esses muitos sombrios momentos...via de regra,
Intercalam-se...frequentemente,  a tantos outros...
De luz intensa e de uma claridade indescritíveis,                       
(como se fora eles verdadeiras epifanias do divino)                                        
A movimentar, alegremente, a vida do dia a dia
Ali nessas obras tão explicitamente contidas,
Para amenizá-las e embelezá-las...sobremaneira,
Face tão explicita morbidez constante
Com a qual todos os artistas barrocos as enfeitavam.

-Porquanto, vale à pena se constatar...
Que em qualquer pintura ou escultura barrocas,
-Quer em qualquer uma das inúmeras “Santa Ceia”...
(À nossa disposição por ai...pra serem apreciadas)  
-Quer em quaisquer outros temas retratados...
Por qualquer um dos artistas desse dito estilo...
Pois, certamente lá, em suas obras artísticas, sempre haverá
Um pouco de tudo do que disse alhures, tais como:

-Numa ceia esplêndida sempre haverá...
-Um candelabro aceso, no teto, para iluminá-la a contento;
-Um enxame de anjinhos bochechudos a esvoaçar pelo salão...
Após transpor um “olho de boi de pedra sabão”;
-Uma mão a coçar o orobó repleto de oxiúros...irrequietos,
Ah! Por decerto, isto, sempre há de haver...ora!;
-Um cachorro e um porco a vasculhar o lixo à cata de alimentos...
Ah! Certamente haverá também!;
-Um fiapo de catarro a escorrer do nariz de um garotinho imundo
Que se arrasta pelo chão a berrar... Ah! Sem dúvidas há de haver!;
-Um idoso (a) peidorreiro (a) tentando disfarçar o mau cheiro
Do seu fedorento peido... Ah! Não pode faltar!;
-Umas belas serviçais a se movimentarem graciosas...
Colhendo vinho nas talhas pra servi-lo aos comensais...
Ah! Isso nunca há de faltar jamais!...
-E não faltarão tampouco, também, gestos exagerados
A se derramarem abundantes em todas elas,
Rebuscando-lhes de um esplendor exuberante...


-Ah! Esse dia a dia pictográfico do barroco
Sempre se veste dessa...hilária e encantadora,
Multiplicidade de detalhes que sempre nos permitem...
Não só observar a obra, mas, entrar nela...
E participarmos dela como protagonistas,
Porque, ao esconder, habilidosamente, seu ponto de fuga...
Qualquer pessoa, qualquer objeto, ou qualquer coisinha
(aparentemente insignificante)
Destacar-se-á, nela, sobremaneira, significativamente,
No mesmo espaço e ao mesmo tempo...
Tornando assim a obra barroca...esplendorosa,
Bela, e extremamente exuberante.

-Ah! O tal jeito barroco de ser e de viver
É um não explícito...ao “mais do mesmo”,
(No caso o estilo renascentista)
É um intenso e denso movimento envolvente,
É uma interação total...entre o humano e o divino,
E não, simplesmente, uma grotesca expressão do feio...
Como disseram alguns “experts” em arte, mundo a fora.

Montes Claros (MG), 12-12-2013

RELMendes 

quinta-feira, 2 de junho de 2016

O JARDIM DA TERNURA

( Fi-lo para o deleite do nosso amor!)

Oi... clarão de meus desatinos,
Vem cá!... Vaguemos despreocupados...
Por entre as touceiras de lírios alvos
Desse nosso lindo jardim de ternura,
E deixemo-nos perfumar, sem economias,
Pelo doce cheiro que deles exala...
E...generosamente,
Impregna o ar dessa brisa fresca
Que envolvente nos abraça...

Oi... clarão de meus desatinos,
Vem cá!... Consintamos, sem pundonores,
Que os frutos saborosos desse divino momento
Saciem-nos de carícias ternas e voluptuosas...
E que elas aplaquem o frenesi
Dessa nossa incandescente paixão
Ao som dos acordes dos gorjeios maviosos
Dos sabiás, colibris e juritis-avoantes...

Oi...clarão de meus desatinos,
Vem cá!... Adormeçamos agora às margens
Dessas nascentes de água límpida e fresca
Para nos refrescarmos do abrasador amor ardente
Que em nosso voluptuoso ser
Ainda inflamado esplende...


Oi...clarão de meus desatinos,
Vem cá!... Aquietemo-nos...
E de almas e ânimos serenados...
Esperemos novos alvoreceres esplendorosos
  (Que acendam nossos dias!)
Novos entardeceres enfeitados de crepúsculos inebriantes
(Que bordem de alegria nosso leito!)
E novas noites estreladas e enluaradas
Que alumiem o jardim do nosso amor
Com rasgos de uma ternura sem fim...

Montes Claros (MG), 02-06-2014
RELMendes