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segunda-feira, 6 de junho de 2016

Um jeito barroco de ser e de viver!

                    ( Poe-crônica)
-O barroco é muito mais que um estilo artístico.
O barroco é, sobretudo, um jeito de ser e de viver...
Que...visivelmente, do final do século XVI
A meados do século XVIII...     
Permeou todas as espécies de obras de arte...
Produzidas naquele então, já tão distante...
Mas que, ainda hoje, é tão presente entre os europeus,
E entre nós brasileiros...quer os da orla marítima,
Quer os das plagas das Gerais de Aleijadinho...
Aliás, guisa de esclarecimento, o barroco mineiro
É o verdadeiro barroco brasileiro.
Porquanto, tanto seus artistas...
Quanto o material utilizado em suas obras de arte...
Eram, totalmente, brasileiros (mineiros).



-Então, vamos lá ao que nos interessa!

-Nas curvas e contracurvas
Do movimentado estilo...(barroco)
Ora, há muitos momentos de sombra:
Ansiedade!... Angustia!... Tristeza!...
Dissecação de cadáveres! Peste Negra!...
Portanto, é acentuadíssimo seu gosto pelo mórbido.

- Mas...ora, também, é de todos sabido
Que em todas as obras da arte barroca...
Esses muitos sombrios momentos...via de regra,
Intercalam-se...frequentemente,  a tantos outros...
De luz intensa e de uma claridade indescritíveis,                       
(como se fora eles verdadeiras epifanias do divino)                                        
A movimentar, alegremente, a vida do dia a dia
Ali nessas obras tão explicitamente contidas,
Para amenizá-las e embelezá-las...sobremaneira,
Face tão explicita morbidez constante
Com a qual todos os artistas barrocos as enfeitavam.

-Porquanto, vale à pena se constatar...
Que em qualquer pintura ou escultura barrocas,
-Quer em qualquer uma das inúmeras “Santa Ceia”...
(À nossa disposição por ai...pra serem apreciadas)  
-Quer em quaisquer outros temas retratados...
Por qualquer um dos artistas desse dito estilo...
Pois, certamente lá, em suas obras artísticas, sempre haverá
Um pouco de tudo do que disse alhures, tais como:

-Numa ceia esplêndida sempre haverá...
-Um candelabro aceso, no teto, para iluminá-la a contento;
-Um enxame de anjinhos bochechudos a esvoaçar pelo salão...
Após transpor um “olho de boi de pedra sabão”;
-Uma mão a coçar o orobó repleto de oxiúros...irrequietos,
Ah! Por decerto, isto, sempre há de haver...ora!;
-Um cachorro e um porco a vasculhar o lixo à cata de alimentos...
Ah! Certamente haverá também!;
-Um fiapo de catarro a escorrer do nariz de um garotinho imundo
Que se arrasta pelo chão a berrar... Ah! Sem dúvidas há de haver!;
-Um idoso (a) peidorreiro (a) tentando disfarçar o mau cheiro
Do seu fedorento peido... Ah! Não pode faltar!;
-Umas belas serviçais a se movimentarem graciosas...
Colhendo vinho nas talhas pra servi-lo aos comensais...
Ah! Isso nunca há de faltar jamais!...
-E não faltarão tampouco, também, gestos exagerados
A se derramarem abundantes em todas elas,
Rebuscando-lhes de um esplendor exuberante...


-Ah! Esse dia a dia pictográfico do barroco
Sempre se veste dessa...hilária e encantadora,
Multiplicidade de detalhes que sempre nos permitem...
Não só observar a obra, mas, entrar nela...
E participarmos dela como protagonistas,
Porque, ao esconder, habilidosamente, seu ponto de fuga...
Qualquer pessoa, qualquer objeto, ou qualquer coisinha
(aparentemente insignificante)
Destacar-se-á, nela, sobremaneira, significativamente,
No mesmo espaço e ao mesmo tempo...
Tornando assim a obra barroca...esplendorosa,
Bela, e extremamente exuberante.

-Ah! O tal jeito barroco de ser e de viver
É um não explícito...ao “mais do mesmo”,
(No caso o estilo renascentista)
É um intenso e denso movimento envolvente,
É uma interação total...entre o humano e o divino,
E não, simplesmente, uma grotesca expressão do feio...
Como disseram alguns “experts” em arte, mundo a fora.

Montes Claros (MG), 12-12-2013

RELMendes 

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