(É um furdunço
só!)
Sabe aqueles
armarinhos
De bem
antigamente
Cheinhos de
carretéis
E mais carretéis
de linhas
De todos os
matizes
Lilases azuis bordôs...
E de um tantão
de botões
De madrepérola
de vidrilho
De plástico de
todos os tamanhos
Espalhados
desleixadamente
Sobre novelos e
mais novelos
De sianinhas
branquinhas azulzinhas...
Que tanto
enfeitavam as calcinhas
E calçolas das
menininhas
E de inúmeros
rolos rolinhos e rolões
De fitinhas de
cetim multicoloridas
Dependuradas
por todos os cantos,
E de uma
quantidade incalculável
De ilhós retroses
zíperes e colchetes
Esparramados por
toda parte hein?
Ah! Era um
furdunço só, num era não?
Pois bem!...
O aposento da imaginação
do poeta
É mais ou
menos desse jeito ai:
Ora um
caleidoscópio
De sensações
lúdicas
Ora um palácio
repleto
De ternas
lembranças
Ora um casarão
mal-assombrado
De paixões
inflamadas
(Com seu delicioso erotismo envolvente!)
Ora um casebre
De lamúrias
intermináveis
( Um porre só!)
Ora um picadeiro
De circo
transbordando
Coisinhas
hilárias:
Palhaçinhos
irreverentes
Anõezinhos
fantasiados de gnomos
Fazendo caretinhas
engraçadinhas
Cambalhoteando
e pirueteando à beça...
Mas...inesperadamente,
Quando se vê
Já tomou conta
da gente
O encantamento
que se derrama
Dos versos do
poeta ... E pronto!
Então... é só
deslumbramento!
(E que
deslumbramento!)
Ah! É um
furdunço só, né não?
Montes Claros
(MG), 14-03-2014
RELMendes
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