-Eu
quero o eco do silêncio interior!
-Questionei-me
então a mim mesmo:
-Mas
que eco do silêncio é esse
Que
tanto apetece-me à alma
Que
de ledo peregrino tenho?
-Disse-me
então a mim mesmo:
O
eco do silêncio interior...ora!
-Mas
a troco de quê
E
como sem dor e nem medo
Hei
de obter esse tal eco do silêncio
Para
ouvi-lo e degustá-lo melhor?...
-Eu
quero o eco do silêncio interior!
-Ora!...
Esse eco do silêncio interior
Tão-somente
ressoa ou ecoa
No
imo de mim ou no imo de ti
Se
a cada um de nós...individualmente,
Aprouver
ouví-lo ecoar
As
muitas verdades
Sobre
aquilo que somos
E
que em nós as bem escondemos
Até
de nós mesmos enfim
-Eu
quero o eco do silêncio interior!
-Ah!
Esse eco do silêncio silente
Que
sereniza ou acelera
A
já veloz cadência de tudo
Que
dentro de mim
Fremente
clama:
Mágoas
de mim...
Pelos
beijos que não roubei
Ressentimentos
de mim...
Pelos
versos que não escrevi
Raiva
de mim
Pelos
sonhos e sonhos
Que
não sonhei brincando
Como
criança feliz
E
pelos tantos desejos
Que
não os debulhei
Na
hora em que os deveria
Debulhar
e debulhar etc etc
-Eis
ai o porquê
Eu
quero o eco do silêncio interior
Pois
esses curiosos adereços mentais
Eu
de há muito os tenho
E
bem os escondo no imo de mim
Entretanto
se eu o permitir
O
eco do silêncio interior os desnuda
Despudoradamente
sem pena nem dó
E
isso me parece muito bom
Para
que eu possa saber
Quem
verdadeiramente sou
-Eu
quero o eco do silêncio interior!
-Por
fim... eu quero porque quero
O
eco do silêncio interior...
Quer
a troco da serenidade
Que
a mim e a todos encanta
Quer
a troco da turbulência
Do
encontro de mim comigo mesmo
Quer
quem sabe ainda
A
troco tão-somente de saciar-me
A
apetência de ouvir
Ainda
que por instantes
Esse
tão divino e curioso silêncio
Que
embora silente balbucia
Coisas
e mais coisas
De
mim e sobre mim...ora!
-Ah!...
Eu quero o eco do silêncio interior!
Montes
Claros (MG), 20-04-2013
RELMendes
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