(Epitáfio)
-Eu
quereria que ela/ minha despedida final/fosse singela
Como
o são meus “versins” / despretensiosos/
Que
ela/ minha despedida final/ fosse discreta
Como
o é o desaparecer dos passarinhos
Que
sempre partem/ sem alarde algum/
Pois
quando se da conta/ de suas ausências/ pronto/
Simplesmente/
já se foram/ há tempos/
Simplesmente/
desapareceram/ completamente/
Sem
nenhum bater de asas/insolente/
Sem
nenhum solfejo estridente/ sequer/
Há
quem diga até/ que é porque eles/ os passarinhos/
“
Morrem de flores/ e jamais de espinhos”...
Já
li isso em algum lugar|! Ah/ se li!
-Ah!
Pois é bem assim /como os passarinhos/
Que
eu almejaria partir daqui/um dia/ para todo o sempre:
Sem
assovio algum/ sem estardalhaço nenhum/
Sem
sequer um bater asas /agoniadas/
Ainda
que me sinta ave de arribação/ barulhenta!
Mas
sei que/ na terra/ sou apenas pássaro /forasteiro/
Prestes
a arribar/ a qualquer momento/ lá pras bandas
Do
céu/ no dizer de Manoel de Barros!
-Ora/
se alguém perguntar por mim/ diga-lhe /simplesmente/
Que
me fiz passarinho e espantei-me/ sabe-se lá pra onde/
Sem
nenhuma pretensão de retornar /tão cedo/
Pois
assim/ honrar-me-ão/profundamente/ a mim/ poetinha brejeiro/
Bem
como ao passarinho que/ em minha alma/ vive a solfejar-me/
Alegres
poesias/ singelas /sem nenhum constrangimento/sempre!
RELMendes
13/07/ 2016