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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Sertão Sedutor


Assunta só!...

-Melancólico/ à beça/
Não sei eu bem o porquê...
Ponho-me a escarafunchar
Vínculos /de há muito/com o sertão!
Nem sei/ eu/tampouco//por que
Persisto... em viver aqui...
Nesse tão lindo e sedutor sertão!

-Assunta só!...

-Ôxe!Tá me saltando da boca/nesta horinha/
A vontade de responder-me tantos porquês:
- Há motivos de sobra...aos borbotões/
Que me fazem aqui permanecer/insistentemente:
- Uns sedutores/até demais da conta/
- Outros /nem tanto quanto se pinta/
Mas a gente/ mesmo assim/ os pinta/
Bem bonitos/só pra num d o braço a torcer!

Assunta só!...

Aqui me afinquei/ por teimosia/
E afincado aqui/quer queiram/ ou não/
Vou ficar... Até que aprova a Deus/
Para o Céu me chamar/ Claro!...
Mas/ enquanto houver nesse sertão:
- Ternos/ nas folias de reis...
- Festas de São Benedito... São João e São Pedro...
- Catopês... Marujadas e Caboclinhos...
- Carne de sol/  pão de queijo...
- Feijão tropeiro e pequi...
- Som de viola enluarada...
- Cantigas de “Seresta”...ao ar livre/
- “Psiu” Poético com versos /aos borbotões
-Luar... a alumiar-me/ à beça/
E a clarear estradas...por onde eu deva passa/
Eu juro/não sairei daqui/nem que a vaca/ tussa!

Assunta só!

-Vou ficar aqui/sim!...
Mantido o ecossistema/ belíssimo:
-“Veredas” refrescantes/aos borbotões/
E muitos frutos do cerrado/ pra se saborear
 - Umbu/ coquinho/ mangaba/
Buriti/ panã e pequi...
Pode ter certeza/ absoluta/
Persistirei em ficar aqui...
Cravado/ nesse lindo/ rincão!.

Assunta só/ finalmente!..

-Vou ficar aqui/ sim!...
Porque aqui / nesse belo/ “Sertão“:
- É onde se planta vida...
- É onde se enterra o corpo...
- É onde/sobretudo/ se espera/ contente/
A dita ressurreição!

Montes Claros, 22-11-2011
RELMendes

A saga de amor de uma “Sempre-Viva” do agreste



-Dentre as muitas/ mimosas/ “sempre-vivas”/,
Que/ graciosas/ enfeitam a rústica paisagem
Deste amado sertão /agreste/
Há uma que/ por ser/ de todas/
A mais formosa /singela e corajosa/
Não hesitou em desabrochar/ luminosa/
No famoso jardim dos ressabiados /Mendes/
Pra orná-lo de alegria...aos borbotões/
E orvalhá-lo de ternura...aos montes!

-Com porte... e nome /de rainha...
Altiva/Beth palmilhou /sonhadora/ ..
Por entre Rochas e Mendes/
Polvilhando-os /a todos/de esperanças.

-E porquanto/ e muito mais/ainda/Beth/
A luminosa “Sempre-Viva” do agreste/
E seu namorado /quase sempre/ emburrado/
Foram tecendo/pouco a pouco/ sua saga de amor:

- Pelo lago sereno de seus olhos /enamorados/
Navegou/ encantado/ meu irmão Charles
(Por nós cognominado:- o cabo véio da Beth),
Por quem /até hoje/ os sorridentes /olhos/
Dessa luminosa “Sempre-Viva” /do cerrado/
Marejam/vez por outra/ lágrimas/ preciosas/
De uma interminável saudade...

Montes Claros, 24-01-2013
RELMendes


terça-feira, 19 de dezembro de 2017

O PRIMOGÊNITO DE SEU PAI

                                          (Celinho)

-Como momentos de felicidade nunca fenecem
- Porque //verdadeiramente/eles são eternos  -
Sempre me deparo com aquele indescritível momento
Em que meu peito acolhedor rasgou-se/ em ternura/por ti/
A noite generosa se bordou de estrelas/ reluzentes/
E a lua cheia/ sem constrangimento/ deslumbrada/
Se debruçou na janela de minha inenarrável alegria
Só para te saudar/ ò amado primogênito de seu pai!

-Ah/ Celinho/desabrochaste/ meu querido filho/ primogênito//
 No solo aconchegante da Terra/essa nossa casa comum
Com os olhos esbugalhados de surpresas /tantas/
E cumprimentaste/ aos berros/ naquela noite inesquecível/
A vida radiante de luz/à beça/simplesmente/
Porque era primavera em chegada!.

Montes Claros (MG), 21-03-2013
REL Mendes

A MENINA DE SEU PAI



-Ò amada menina de seu pai/
- Precioso presente dado-me pelos os céus  -
Saiba que/ desde bem jovenzinho/mesmo/
Sempre sonhei contigo/tal qual  és!
Chegaste! E logo tua faceirice/ deliciosa/
Fascinou-me/ Completamente!

-Ò/ amada menina de seu pai
Esses teus olhinhos/ rasgados
Sorridentes e sorrateiros/
- de menina sapeca e dengosa –
Lembro-me/verdadeiramente/bem/
Eram / veementemente/firmes/ até/
Ao se fixarem em alguém/que te contrariava/
Ou em alguma coisa que/por ventura/
Querias ou não/simplesmente!
Mas também se debulham /em lágrima/aos borbotães/
- Ah/ e como se debulhavam! -
E quando/por um algum motivo / te magoavas/
Eles/ os teus olhinhos/ah/ se entristeciam/à beça.
Porém /eram sempre muito doces e suplicantes/
Ao pedires o que amavas ou muito almejavas/na hora/
Vez que eles sempre expressavam os desejos
Que n’alma escondias!

-Ah/ essa amada menina de seu pai/
Tinha um jeito /de se fazer entender/
Que era/exclusivamente/ seu:
- Quer na obediência/discutível/
- Quer nas danadices/ constantes/
Mas não abria mão de seus desejos/nunca/
Podia até se calar/emburradinha/ às pampas/
Entretanto/ não desistia de seus intentos/jamais!

-Ela/essa amada  menina de seu pai/
 Ama/intensamente/ discute/com ou sem motivos/
Peleja / à beça/ ao esmerar-se em seus afazeres/
Aprende tudo/com rapidez e presteza/
Mas/ definitivamente/ só faz o que quer/
E quando não quer/ah/ indignada se esconde/
Por vezes até/ deita-se aborrecidíssima/
Porém/ de repente/espalhafatosamente/
Ressurge  saltitante/ a borboletear  entre flores
E hortaliças verdinhas  de seu quintal
Como se nada tivesse acontecido.

-Ò  amada menina de seu pai/
Agora presta bem atenção aqui/
- diz-lhe a sorrir /seu pai/ sonhador –
De há muito eras /ansiosamente/ esperada/por mim/
Porquanto/de verdade/ desde bem jovenzinho/
Eu te tecia/secretamente/ em minh’alma/amorosa/
Vieste/sou tudo/ e isto/ basta-me!


RELMendes  O2/09/1980

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Se é Gabriela/ por decerto/ é bela!...



-Cheiro de cravo/pilado/
Pele cor de canela/ralada/
Sempre asperge beleza...
Por onde passa faceira:
- Na roça ou no vilarejo,
- Nas vielas/ ruas/ calçadas/
- Nas bodegas/ botecos/
- Biroscas ou bares...
Gabriela / ah/tinhosamente/
Sempre/ por onde pisa/ manhosa/
Arranca suspiros e ais/
Profundos/ à beça!

-Nas praias... Ah/nem se fala/!
Quando faceira /nelas/ Gabriela desfila/
Com proposital malemolência/
Sob os olhares /ávidos e  indecorosos/
Daqueles que foram por ela /fascinados/
É só encantamento!...

-Ah, meu camarada!
Quando /na tina a transbordar/
Gabriela se banha nua/Putzgrila!
Não há quem/no mundo/ contenha
A desvairada paixão...avassaladora/
Que por ela aflora/ rua afora!...

-Gente/ isto  não sou eu quem o diz/não/
Mas sim/ aquele tal do Jorge/
Amado escritor /brasileiro/
Que ninguém/ se bom da cabeça/
Ousa contradizê-lo/ Jamais!...


Montes Claro (MG), 19-06-2012
RELMendes

terça-feira, 24 de outubro de 2017

DESPEDIDA FINAL



                  (Epitáfio)


-Eu quereria que ela/ minha despedida final/fosse singela
Como o são meus “versins” / despretensiosos/
Que ela/ minha despedida final/ fosse discreta
Como o é o desaparecer dos passarinhos
Que sempre partem/ sem alarde algum/
Pois quando se da conta/ de suas ausências/ pronto/
Simplesmente/ já se foram/ há tempos/
Simplesmente/ desapareceram/ completamente/
Sem nenhum bater de asas/insolente/
Sem nenhum solfejo estridente/ sequer/
Há quem diga até/ que é porque eles/ os passarinhos/
“ Morrem de flores/ e jamais de espinhos”...
Já li isso em algum lugar|! Ah/ se li!

-Ah! Pois é bem assim /como os passarinhos/
Que eu almejaria partir daqui/um dia/ para todo o sempre:
Sem assovio algum/ sem estardalhaço nenhum/
Sem sequer um bater asas /agoniadas/
Ainda que me sinta ave de arribação/ barulhenta!
Mas sei que/ na terra/ sou apenas pássaro /forasteiro/
Prestes a arribar/ a qualquer momento/ lá pras bandas
Do céu/ no dizer de Manoel de Barros!

-Ora/ se alguém perguntar por mim/ diga-lhe /simplesmente/
Que me fiz passarinho e espantei-me/ sabe-se lá pra onde/
Sem nenhuma pretensão de retornar /tão cedo/
Pois assim/ honrar-me-ão/profundamente/ a mim/ poetinha brejeiro/
Bem como ao passarinho que/ em minha alma/ vive a solfejar-me/
Alegres poesias/ singelas /sem nenhum constrangimento/sempre!

RELMendes  13/07/ 2016

 



sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Inhá Geralda do Cintra


(Uma refrescante “Vereda”, na minha nova estrada!...)

-Talvez /uma quilombola/quiçá?
Mas... /certamente/sem dívidas/
Uma generosa mulher/ muito â frente de seu tempo/
Inhá Geralda do Cintra/ encrenqueira/ à beça/
- Cintra/bairro /hoje/ central em Montes Claros -
Mascava fumo de rolo...sem parar/
E/ porquanto/ ia odorando /todo ambiente/
Por ela percorrido...em sua bagunçada /quimbembe/
Com aquele mal cheiroso odor/desagradável!

-A querida /quera octogenária/Inhá Geralda do Cintra/
Se embiocava...que nem tatupeba/emburacado/
Numa quimbembe /mal iluminada/ à beça/
Pela fraca luz de uma velha /absconsa/a querosene/
E pra arrancá-la/ de lá/...por qualquer motivo/
Ah/ dava o quê fazer!

-Após a sesta /de todo dia/nunca dispensada/
Ela sempre era circundada por cunhãns...desocupadas/
Que à sua porta fervilhavam.../aos montes/
Pra fuxicar...de todos. E se besuntarem/as pampas/
De seus tantos conselhos...cochichados/ ao pé do ouvido:
Ora tão sábios... Ora tão/ espantosamente/ absurdos.

-Inhá Geralda do Cintra
Era um “taquinho de gente”/insolente/
Um catatau feminino/ inquieto/ pacas!
Saltitava pelas ruas do Cintra...
- Que nem guariba assustado
Pelo fogo a incendiar a mata -
Rumo à igreja “Nossa Sra da Consolação”
Onde rezava /frequentemente...sem cessar/
Quer sol a pino/ quer chovesse/aos borbotões!

-No sovaco... /Inhá Geralda do Cintra/
Sempre transportava /consigo/
Uma sombrinha/ esgarçada/
Como se uma útil quiçama /fora.
Chegava a ser até/ muito engraçado!
Mas... ai de quem dela /zombasse/
Por decerto /enfrentaria a fúria/
Da comunidade/ inteirinha!

-Analfabeta / Inhá Geralda do Cintra/
Nem os xenxéns/ mensais/
- Da sua aposentadoria / rural/ -
Bem os distinguia ou os conhecia!...
Mas considerada era/ por todos/
Tesouro de grande sabedoria!

-Ao conhecer-me/ Inhá Geralda do Cintra/
Não hesitou/ em acolher-me/depressa/
Como um filho/ muito querido!
E diga-se /de passagem/ à língua solta:
- O que a mim encheu-me/sobremaneira/
De imensa alegria!...

-Mas...numa manhã /qualquer/à época
 Do deslanchar de nossa boa amizade/
Após um longo e aliviado /suspiro/
Voando /rápida/ como um colibri /sedento/
Inhá Geralda do Cintra... /Serenamente/
Partiu lá pro alto da montanha/celeste/
Em busca da flor da Vida...eterna/
E...quiçá/hoje lá em cima /agora/
- Embora/insolente como fora/constantemente/por aqui/ -
Talvez esteja bem escondidinha...lá no alto dos céus/
Se rindo da gente...às gargalhadas/ só de gozação!
Entretanto ...confesso/ sem nenhum constrangimento/
Que a bendita/ tal Inhá Geralda do Cintra/
Deixou conosco/por aqui/ uma saudade... Infinda!

Montes Claros (MG), 22-11-2011

RELMendes