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domingo, 13 de janeiro de 2019

Quem sabe voar de repente voa


-Nem vem que não tem!
Ou então que venha bem devagarinho.
De preferência se derramando de amor
(Pra encharcar-me de contentamento...
 Evidentemente!)
Aí pode me molestar a vontade.
Que me besuntarei de contentamento.
Senão ponha-se em seu lugar.
Nem vem que não tem!

-Sabe por quê?
Porque me espanto fácil.
Porque alvoroço-me a toa.
Porque sou arisco de verdade.
Porque sou ave de arribação.
Porque tenho asas vigorosas..
Porque eu sei voar rapidinho.

-Quando alguém acaso vem a mim
Só pra me aporrinhar sem motivo.
Ah! Eu me espanto á beça!
Aí alvoroço-me todinho.
Bato asas aborrecidíssimo.
E sem hesitar voo alhures.
Voo e pouso suavemente
Lá onde queiram me amar. De verdade!
Ah!Amar sem jamais me espantar. Viu?
Senão sem xurumelas alço voo de novo
Pra nunca mais ali retornar novamente!


RELMendes – 08/01/2019


sábado, 12 de janeiro de 2019

A beleza da vida se esconde na diversidade.


(Vida indígena é uma referência disto)


-Óh! Quem saberá o que se esconde lá

No reverso d’alma indígena brasileira
Que apesar dos pesares ainda canta a vida?

-Ah!Penso que ninguém sabe. Nem saberá jamais.
Senão os olhinhos habilidosos de um fotógrafo/a
Vez que eles a bisbilhotarem por todo canto
Sempre descobrem a imensurável beleza
Da diversidade da vida a florir, onde quer
Que ela se esconda... Assim creio!

-Óh!Quem imagina a dor que plange escondida lá
No reverso d’alma do/a indígena brasileiro
- Que hoje vive num’aldeia ameaçada de invasão
Por toda sorte de malvados jagunços contratados
Por calhordas gananciosos que querem se apropriar
A qualquer preço das terras que lhe são de pertença. -
Se sorridente ele/a se permite fotografar numa boa?

-Ah! Acho que ninguém imagina. Nem imaginará jamais.
Senão. Penso eu. Jamais desrespeitariam tão
Acintosamente sua rica e pujante cultura tão impar...
Nem tampouco invadiriam suas terras tão suas.
Nem menoscabariam jamais seu sagrado viver.
Mas poetas. Ah estes sim! Logo a imaginam
E ao imaginá-la versejam-na em poesias mil.
Plangentes ou jubilosas. Mas sempre plenas.
De encantamento e respeito sem fim.

RELMendes – 10/01/2019






sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Quão vadio é meu pensamento

(sempre evade-se pelo espelho das lembranças)

-Meu pensamento está sempre
Em lugares longínquos. Quiçá no pretérito.
O vadio nunca vai aonde desejo. Será?
Sempre está perambulando por onde vadiei.
Não sei por que não escuta o que lhe ordeno.
Quiçá a libido o conduza. Quem sabe?
Ou quiçá ele vá apenas aonde eu queira ir

-Ele frequentemente salta cercas aos montes
(tanto as da imprudência quão as dos desejos)
Pra ir paparicar as apetitosas moçoilas namoradeiras
Que perambulavam sorridentes á noite por horas
Na pracinha mal iluminada daquela cidadezinha
Em que morávamos bem antigamente...
Pra flertarem á beça ou trocarem olharem
Discretamente salientes... Comigo e tantos outros
Rapazinhos envitrinados por ali.

-Ah como eu esperava ansioso o anoitecer!
 Viu? Descobri! Ora! Ora! Ora! Meu pensamento vadio
Apenas segue as orientações de minha melancolia
Saudosa dos tempos em que eu levantava poeira.
E nada mais!

RELMendes – 11/01/2019



terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Travessia inevitável


-Enquanto á vida convém
Caminhemos juntinhos.
Ou ao menos parelhados.
(“Porque a vida não para. Não para!”)
Sem balbuciar bestagens!
Nem tampouco sequer
Balburdiar aos montes
Quer de euforia ou ais tristonhos
Vez que muito acabrunham-nos
A alma peregrina ávida
De ir em frente.
Sempre em frente.

-Enquanto á vida convém
Caminhemos juntinhos.
Ou ao menos parelhados.
(“Porque a vida não para. Não para!”)
Cantarolando quiçá  cantigas de ninar
(Uns para os outros e tantos outros)
Sem nunca procrastinar jamais
Os sonhos de viver plenamente
A quem conosco sempre palmilha
(Todos os dias ou vez por outra)
Pelas trilhas de nossas andanças...
Antes que a “indesejável das gentes”
Sorrateiramente nos atravesse
Pro outro lado desconhecido da vida...
Onde todos nós inevitavelmente um dia
(Após a inevitável travessia derradeira)
 Iremos pra sempre lá morar!

RELMendes – 31/12/2018


sábado, 5 de janeiro de 2019

Quem vive sempre faz Teatro


(Do nascer ao fenecer!)


-Ah! Eu mesmo sempre teatralizo tudo.

E teatralizo desde o proscênio da vida. Viu?
Nasci berrando: -  De Fome! Ah, e pelado!
Acariciei as mamas maternas. Esfomeado!
Fiz manhas aborrecedoras aos montes e
Brincadeirinhas assaz encantadoras só pra
Conseguir meu querer de criança peralta.
Qual o faz todas as criancinhas do mundo.

-Ora!Se houve emoções não importa a espécie
É o teatro da vida a acontecer vigorosamente.
Isto é fato em mim. E em todos os viventes.

-Gesticulei e ainda gesticulo aos montes.
Como se fora um italiano em seu cotidiano.
-Olhei e ainda olho de esguelha sem avareza
Sempre que me espanto com o inusitado.
-Amei e ainda amo á beça. Quem?
Ah! Como diz o fado: - “nem ás paredes confesso”!
-Chorei e ainda choro a cântaros
(Aborrecido ou comovido)
Quando defronto-me com a maldade alheia
Bem como diante de gestos de ternura explícita.
-Cantarolei e ainda cantarolo( sem xurumelas)
Por qualquer coisinha que me alegre de repente
Ou quiçá me aborreça de repente também.
-Vestiram-me de azul e branco. Outrora!
-Mas hoje, na envelhecência, livremente
Visto-me de rosa vermelho lilás bordô florido
Amarelinho dourado e todas as cores do arco iris
E ninguém tem nada com isso. Ora bolas Damares!
-Fiz-me até professor de teatro em Pasargada!
Veja só que audácia minha, minha gente!

-Ora!Se houve emoções não importa a espécie
É o teatro da vida a acontecer vigorosamente.
Isto é fato em mim. E em todos os viventes.

RELMENDES – 05/01/2019


quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Eta mundão sem limites!


-A ganância campeia mundo afora.
Devorando o que encontra.
Pela frente e no reverso!
-Mas poetas bocejam versos.
Poetizemo-nos então!

-Os incautos ah endividam-se.
O dinheiro de plástico poe-lhes
A corda ao pescoço. Esgana-os.
Os agregados também esgana-os.
Cantores solfejam assustados.
Liquidam-se! Não há bufunfa!
Pra encher-lhes as burrinhas.
-Mas poetas bocejam versos.
Poetizemo-nos então!

-A torpe propaganda (enganosa)
Inunda as médeas (ou mídias).
Pra conduzir os pobres miseráveis
Ao delírio do consumo.
A parafernália tecnológica
Embucha-nos de ostentação.
Empanzina-nos de inverdades.
Atsunamina-nos de bestagens
Abestalha-nos de inviáveis.
-Mas poetas bocejam versos.
Poetizemo-nos então!

-Mas também viaja-nos. Mundo afora.
Acultura-nos á beça.Pelo percurso.
Torna-nos ora gentis ora toscos
Como flores ou porco espinho.
Afinal, não por quanto, há que se fazer
A diferença e viver, serenamente,
Enquanto é Natal!
-Pois poetas bocejam versos.
Poetizemo-nos então!


RELMendes – 23/12/2018